sábado, 30 de abril de 2011
Vigília para lembrar João Paulo II reuniu 200 mil pessoas em Roma Depois da vigília, fiéis se dirigiram a oito igrejas que ficarão abertas. Cerimônia de beatificação começa às 5h (horário de Brasília).
Em uma noite que lembrava as grandes vigílias presididas por João Paulo II, cerca de 200 mil pessoas se reuniram neste sábado no Circo Máximo de Roma para homenagear o papa Karol Wojtyla, que neste domingo será proclamado beato.
"Ele já era santo em vida", afirmou emocionado Joaquín Navarro Valls, o espanhol que durante 22 anos foi seu porta-voz e que neste sábado, ao lado do antigo secretário particular Stanislaw Dziwisz, homenageou Wojtyla junto a dezenas de milhares de fiéis de vários países.
Navarro definiu a vida de João Paulo II como "uma obra prima" e afirmou que mostrou aos jovens o "significado do amor".
Já Stanislaw Dziwisz revelou que só viu o papa polonês bravo duas vezes. A primeira foi em Agrigento, sul da Itália, quando levantou a voz contra a máfia e a outra durante um angelus no Vaticano nos dias anteriores à primeira guerra do Iraque.
"Digo não à guerra, ela não resolve nada. Eu vivi a guerra e sei o que é", afirmou João Paulo II, cujas palavras foram recordadas por seu secretário e atual cardeal da Cracóvia (Polônia), que acrescentou: "Ele tinha razão, aquela guerra não resolveu nada".
A vigília também contou com o discurso da freira francesa Marie Simon Pierre, de 51 anos, cuja cura do Mal de Parkinson que sofria, de maneira inexplicável para a ciência, abriu as portas para a beatificação de Karol Wojtyla. A religiosa destacou sua "humildade, força e coragem", bem como seu "exemplo para aceitar o sofrimento".
"João Paulo II estava junto dos fracos, dos pobres, dos pequenos. Era um defensor da vida, da família, da paz", disse a freira, que fez um apelo para que a França não perca as raízes cristãs.
O vigário de Roma, Agostino Vallini, afirmou que da vida de Wojtyla "aprendemos o testemunho da fé, uma fé arraigada e forte, livre de medos e de compromissos, coerente até o último suspiro, forjada pelas provações, o cansaço e a doença".
Apesar da chuva que caiu durante a tarde, os fiéis encheram o Circo Máximo, iluminado com dezenas de milhares de velas trazidas pelos participantes.
A vigília começou com um vídeo do ano 2000 de João Paulo II durante a Jornada Mundial da Juventude de Roma e prosseguiu com o canto de "Jesus Christ you are my life", interpretado pelo Coro de da Diocese de Roma e da Orquestra do Conservatório de Santa Cecilia
Em seguida, foi feita uma conexão com cinco santuários aos quais o papa era muito ligado: o de Nossa Senhora de Guadalupe, no México; Fátima em Portugal; Lagniewniki na Polônia, Kawekamo-Bugando na Tanzânia e Notre Dame do Líbano.
"Se vê, se sente, o papa está presente", cantaram os milhares de fiéis reunidos no santuário mexicano.
A vigília foi dividida em duas partes. A primeira, a "Celebração da Memória", começou com uma procissão de 30 jovens romanos com tochas que homenagearam a imagem de Maria Salus Populi Romani, a patrona de Roma, presente no ato, seguida pelos discursos de Navarro Valls, Marie Simon Pierre e Dziwisz.
A segunda parte foi a "Celebração dos Mistérios Luminosos do Santo Rosário", que foram introduzidos por João Paulo II durante seu Pontificado. O rosário foi recitado em conexão direta com os santuários aos quais Wojtyla era relacionado.
Em Guadalupe as orações foram pela esperança e a paz dos povos, em Fátima, pela Igreja; em Lagniewniki, pelos jovens; em Kawekamo-Bugando, pela família; e em Notre Dame do Líbano, pela evangelização.
Ao final, o papa Bento XVI deu a bênção apostólica do Vaticano.
Depois do encerramento da vigília, os fiéis se dirigiram a oito igrejas de Roma que ficarão abertas por toda a noite na chamada "Notte bianca di preghiera" (noite branca das orações).
Às 5h30 do horário local (meia-noite de Brasília) deste domingo, será aberto o acesso à Praça de São Pedro, onde às 10h (5h de Brasília) começará a cerimônia de beatificação, presidida por Bento XVI.
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