Uma das principais economias do mundo emergente, o
Brasil também desponta na proporção de pessoas morando sozinhas entre os países
em desenvolvimento, tendência já verificada em nações ricas.
Atualmente, segundo o Censo
2010, divulgado pelo IBGE, quase 7 milhões de lares brasileiros possuem apenas
um único ocupante, número a equivalente a 12,2% do total de domicílios ou a
3,7% da população brasileira.
A Taxa é maior do que
a da China (7%) e a da Índia (3%), apontam dados da consultoria americana
Euromonitor, que situa o Brasil com 10,3% do total de domicílios habitados por
apenas uma pessoa.
A Proporção é
levemente inferior à do IBGE (12,2%) por diferenças metodológicas. No entanto,
as duas pesquisas confirmam a tendência de aumento.
Comparado ao Censo de
2000, por exemplo, quando o número de "solitários" totalizava 4,1
milhões (ou 9,1% do total de domicílios), houve aumento de 71%. Já em relação
aos dados de 1991, o crescimento é ainda maior, de 185%.
"O crescimento no
número de pessoas que escolheu morar só pode ser explicado por uma série de
fatores, como o aumento da expectativa de vida, que passou de 48 anos, em 1950,
para 73 anos, em 2010", afirmou José Eustáquio Diniz, demógrafo do
Ence-IBGE. Atualmente, a maior parte dos domicílios unipessoais no Brasil
continua sendo ocupada por pessoas acima de 60 anos (38,6%). "Mas não se
pode descartar outros fatores, como independência financeira dos jovens e,
sobretudo, a emancipação da mulher", acrescentou Diniz.
Poder feminino
No Brasil,
diferentemente de outros países do mundo, o número de mulheres morando sozinhas
ainda não é superior ao dos homens, mas, nos últimos anos, a diferença entre os
grupos tem diminuído, apontam dados do Censo. Atualmente, elas contabilizam 3,4
milhões contra 3,6 milhões de "solitários".
Dados do Censo
analisados pela reportagem revelam, por exemplo, que o número de mulheres com
idades de 25 a 29 anos vivendo sozinhas praticamente dobrou na última década
(+85,4%), passando de 91.383 para 169.400.
"Um dos fatores
que ajudam a entender esse fenômeno é o crescimento da participação feminina no
mercado de trabalho. Em 2003, por exemplo, elas respondiam por 43% da população
ocupada. Em 2011, elas já eram 45,4%", disse Diniz. "Além disso, elas
são mais educadas. Recentemente, as mulheres ultrapassaram os homens, pela
primeira vez, em número total de doutorados", afirmou ele.
Divórcio
Outro fator
preponderante para o aumento da população vivendo sozinha no Brasil foi, como
em outros países do mundo, o crescimento no número de divórcios. Segundo dados
do Registro Civil em 2010, divulgado pelo IBGE, a taxa geral de divórcio
atingiu naquele ano o seu maior valor, 1,8% (ou seja, 1,8 divórcios para cada
1000 pessoas de 20 anos ou mais) desde o início da série histórica em 1984. No
total, foram 243.224 divórcios.
"Os estudos
mostram que, ao se separarem de seus parceiros, homens e mulheres dificilmente
se casam novamente, e escolhem morar sozinhos por conveniência", disse à
BBC Brasil Eric Klinenberg, professor de sociologia da Universidade de Nova
York (NYU), nos Estados Unidos. Em 2010, por exemplo, o número de homens entre
50 e 54 anos morando sozinho era de 355.962 e o de mulheres, 288.988, altas de
106,8% e 93,5% em relação a 2000.
Impacto
O Mercado imobiliário
brasileiro foi um dos que sentiu o efeito dessa transição demográfica. Com mais
pessoas morando sozinhas, o número de apartamentos de 1 dormitório explodiu. Em
São Paulo, de acordo com dados do Sindicato das Empresas de Compra, Venda,
Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo
(Secovi-SP), foram lançados 6.577 novos apartamentos de 1 dormitório na cidade
de São Paulo em 2011, contra apenas 1,141 em 2004, um aumento de 476%.
IG
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