terça-feira, 5 de junho de 2012

Passagem de Vênus diante do Sol será chance única para ver outros planetas


AFP
A passagem de Vênus diante do Sol, nesta terça (05) e quarta-feira (06), um fenômeno excepcional que não voltará a acontecer em 105 anos, será uma oportunidade única para observar planetas distantes onde pode existir vida, afirmaram astrônomos.

O fenômeno "nos dá a oportunidade de estudar com grande detalhe o que estamos observando muito mais longe (da nossa galáxia, a Via Láctea) e nos dá mais confiança em nossa capacidade para interpretar os sinais que detectamos", disse à AFP o astrônomo Rick Fienberg, da Sociedade Astronômica Americana (AAS, na sigla em inglês).

A próxima passagem de Vênus entre o Sol e a Terra não voltará a acontecer até dentro de 105 anos, em 2117. Este tipo de trânsito ocorre aos pares em intervalos de oito anos e não voltam a aparecer em mais de um século. No século XXI, o último foi em 2004. Não houve nenhum no século XX.
"A passagem de Vênus diante do Sol é exatamente o mesmo fenômeno que o telescópio (americano) Kepler capta ao orbitar outras estrelas, quando seus planetas transitam diante delas", explicou.
No entanto, no caso destes exoplanetas, planetas distantes que orbitam em torno do Sol, "sua estrela não é mais do que um ponto de luz porque estão muito longe de nós e por isso é difícil ver o que acontece", disse o astrônomo Alan MacRobert, editor da revista Sky and Telescope.
Tudo o que se vê quando um planeta passa pela frente é uma suave redução do brilho da estrela, informou à AFP.
Mas a luz da estrela que atravessa a atmosfera destes exploplanetas deixa uma "marca" espectrográfica que permite reunir informação valiosa sobre sua composição, acrescentou MacRobert.
"Poderemos fazer medições da atmosfera de Vênus durante sua passagem diante do Sol e ver que tipo de sinais são obtidos tomando medidas similares de exoplanetas que passam em frente à sua estrela e depois comparar os resultados sabendo que no caso de Vênus são exatos", disse Gerard van Belle, astrônomo do Observatório Lowell (Arizona, sudoeste).
Feinberg informou que os primeiros e últimos 20 minutos da passagem de Vênus, fenômeno com duração total de seis horas e meia, serão os melhores momentos para obseração porque então a luz solar através da atmosfera de Vênus formará uma espécie de camada em todo o planeta.
"Será então que os astrônomos tentarão medir a composição da atmosfera de Vênus", acrescentou.
O início do trânsito será visível na América do Norte, América Central e norte da América do Sul na última hora da tarde de 5 de junho, desde que o céu esteja limpo. O final do fenômeno não será visto nas regiões devido ao pôr-do-sol.
Toda a passagem de Vênus diante do sol poderá ser vista na Ásia oriental e na região do Pacífico Ocidental. Em Europa, Oriente Médio e Sul da Ásia se verão as etapas finais desta passagem à medida que for amanhecendo na região, em 6 de junho.
O fenômeno poderá ser visto a olho nu, informaram os astrônomos, lembrando que devido ao risco de cegueira ou dano permanente na vista, não se deve olhar diretamente para o sol sem um filtro apropriado.
Os especialistas acreditam que a galáxia está cheia de bilhões de planetas rochosos que poderiam permitir a existência de vida. A maioria ainda não foi descoberta e fica tão longe que seria impossível alcançá-los com a tecnologia moderna.
O catálogo mais recente lançado pelo telescópio espacial Kepler, da Nasa, mostrou em março um total de 2.321 candidatos a planetas orbitando 1.790 estrelas.
Dez dos 46 candidatos a planetas que podem conter água em estado líquido têm tamanho similar à Terra, segundo a Nasa. Mas na maioria dos casos, os cientistas não têm detalhes sobre a atmosfera destes planetas.

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