Sempre ingênuo, Bob Esponja continua alheio aos boatos sobre sua orientação sexual, mesmo dez anos depois de as especulações se tornarem assunto na mídia dos EUA, onde volta e meia é acusado por grupos conservadores de fazer propaganda homossexual. Agora, uma comissão nacional da Ucrânia sobre assuntos para a defesa da moral concluiu que, de tão gay, ele chega a ser "uma ameaça real para as crianças".
"Tirar do armário" um personagem de desenho animado não é uma tarefa qualquer. Exige dedicação e vocação enorme para fiscal de fiofó. É gente que não brinca em serviço. Aliás, não sabe brincar. A obsessão pelo roxinho fez de Tinky Winky (Teletubbies) e Barney os primeiros alvos da falta de foco de quem "só pensa naquilo".
Para os críticos, o "problema" do Bob Esponja é ser muito alegrinho. Talvez o incômodo seja o fato de o desenho representar os gêneros fora do que se convencionou como padrão na TV. Bob Esponja é um sujeito sensível e meigo, enquanto a esquilo Sandy, a figura feminina da história, é uma líder inata, forte e inteligente. Sinal dos tempos, não? E qual comportamento esperar de uma esponja?
Claro, interpretações estão livres por aí. Salsicha (Scooby-Doo) pode ser o maior maconheiro do planeta; Pica-Pau, um cocainômano típico, e Gargamel (Smurfs), um alucinado por chá de cogumelo. Levar isso a sério é uma viagem.
Bob Esponja é um ingênuo, como boa parte do seu público. Mas apresenta "uma ameaça real para as crianças" quando sua imagem é explorada sob a forma de incontáveis produtos licenciados, principalmente comidinhas-bomba, com níveis obscenos de sal, açúcar e gordura. Uma estratégia que busca atingir pequenos e adultos, como revela a própria Nickelodeon, dona da marca.
A maior qualidade de um desenho animado é poder ser aquilo que realmente é, por mais absurdo que pareça — como uma esponja de calças quadradas. O problema é quando cruza caminho com a publicidade, cuja razão de ser é nunca revelar seu verdadeiro nome.
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